Cap. 2
Jung e A Psicologia Analítica
Um ponto fundamental de diferença entre
Jung e Freud vincula-se com a natureza da libido. Para Freud a libido era
predominantemente sexual enquanto que para Jung, a libido era uma energia vital
generalizada, de que sexo apenas fazia parte. Para Jung, essa energia vital
libidinal básica se exprime no crescimento e na reprodução, e também em outras
atividades e depende do que é mais importante para o individuo num momento
particular. Essa primeira diferença entre ambos deixou Jung livre para dar
interpretações diferentes ao comportamento. O que em Freud só podia definir em
termos sexuais, para Jung, por exemplo, entre os três e os cinco anos de vida,
que ele denominava fase pré-sexual, a energia libidinal serve às funções de
nutrição e de crescimento e não tem nenhuma nuance sexual como na concepção
freudiana. Jung também rejeitava o complexo de Édipo. Para Jung o apego da
criança à mãe era em termos de uma necessidade de dependência, com todas as
satisfações e rivalidades associadas com a função materna de fornecer alimento
e a medida que a criança amadurece e desenvolve o funcionalismo sexual, as
funções de nutrição combinam-se com sentimentos sexuais. A energia libidinal só
assume forma heterossexual depois da puberdade. Ele não negava a existência de
fatores sexuais, mas reduzia o papel do sexo ao de um dos impulsos que compõem
a libido. Segundo biografias, Jung não tinha como usar, nem precisava de um
complexo de Édipo em sua teoria, porque isso não tinha relevância para a
infância. Ele descrevera sua mãe como uma mulher gorda e pouco atraente, e por
isso nunca pôde compreender a insistência de Freud de que todo garotinho tinha
anseios sexuais pela mãe.
Ao contrário de Freud, Jung não
desenvolveu nenhuma insegurança, inibição nem ansiedade sobre o sexo quando
adulto. “Para Jung, que satisfazia livre e freqüentemente suas necessidades
sexuais, o sexo tinha um papel mínimo na motivação humana. Para Freud, acossado
por frustrações e ansioso com seus desejos contrariados, o sexo tinha o papel
central” (Schultz, 1990 p. 148).
A segunda diferença básica entre as
obras de Freud e Jung é a sua concepção da direção das forças que influenciam a
personalidade humana. Freud via as pessoas como vítimas dos acontecimentos da
infância: Jung acreditava que somos moldados por nossas metas, esperança e
aspirações com relação ao futuro, bem como pelo nosso passado. Jung propunha
que o comportamento humano não é determinado por inteiro pelas primeiras
experiências da vida estando sujeito a mudança em anos subseqüentes.
A terceira diferença entre os dois é
que Jung enfatizava mais o inconsciente. Ele tentava mergulhar mais
profundamente na mente inconsciente, acrescentando-lhe uma nova dimensão o que
ele chamou de inconsciente coletivo que são as experiências herdadas dos seres
humanos como espécie e as dos seus ancestrais animais.
Jung usava o termo psique para
referir-se à mente, que segundo ele consistia em três níveis: a consciência, o
inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.
...continua...
Ismenia
Woyame
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