continuação.
Jung e os Sistemas
Isolados
Ego:
É o centro do consciente. É a mente consciente. É constituído por percepções,
memórias, pensamentos e sentimentos conscientes. O ego forma uma unidade coesa
para transmitir impressão de continuidade e de identidade consigo mesma. Os
processos psíquicos (conteúdos psíquicos) que não entretêm relações com o ego
constituem o domínio imenso do inconsciente.
Inconsciente
Individual: É a região adjacente ao ego.
As fronteiras são imprecisas. É constituído por experiências que foram
reprimidas, esquecidas, suprimidas ou experiências que foram fracas demais para
marcar a consciência do indivíduo. Recordações penosas de serem lembradas e
também traços de acontecimentos ocorridos durante o curso da vida e perdidos
pela memória consciente. No inconsciente Individual encontramos os complexos.
Os complexos
são grupos de representações carregadas de forte potencial afetivo,
incompatível com a atitude consciente e envolvem sentimento, pensamento,
percepções, memória. É também o nosso lado negativo que tentamos ocultar.
Esses elementos,
embora não estejam em conexão com o Ego, nem por isso deixam de ter atuação e
de influenciar os processos conscientes, podendo provocar distúrbios, tanto de
natureza psíquica quanto de natureza somática. Para Jung a via régia para o
inconsciente não é o sonho e sim o complexo. “O processo associativo foi tomado
como ponto de partida. Jung demonstrou que as perturbações que ocorriam no
teste de associação de palavras eram da natureza interna da psique e provinham
de uma esfera situada fora da vontade objetiva do consciente e que esta esfera só
se apresentava quando a atenção ia se enfraquecendo.” (p.17 Jacobi)
Cada complexo é
constituído de:
·
Um elemento nuclear ou portador
de significado;
·
Associações ligadas ao elemento
nuclear – o núcleo tem o poder de atração ou faz girar em torno de si várias
experiências.
Os complexos
podem ser capazes de fazer aberta oposição ás intenções do ego consciente; de
romper a sua unidade; de se separar e de comportar como um corpo estranho na
esfera do consciente.
Para Jung,
tamanha é a força dos complexos que eles nos têm.
Inconsciente
Coletivo: É constituído das formas
primitivas típicas de vivências e comportamentos da espécie humana, isto é,
“pura e simplesmente da possibilidade herdada de um funcionamento psíquico”.
Enquanto o
inconsciente pessoal é composto de conteúdos cuja existência decorre de
experiências individuais, os conteúdos que constituem o inconsciente coletivo
são impessoais, comuns a todos os homens e transmitem-se por hereditariedade.
Os arquétipos:
São possibilidades herdadas para representar imagens. São formas instintivas de
pensar. Um arquétipo é uma forma universal de pensamento (idéia) que conte um
grande elemento de emoção.
Exemplo de
arquétipos: nascimento, morte, herói, filho, Deus.
Como se origina
um arquétipo? Ele é um depósito mental permanente de uma experiência que foi
repetida constantemente por muitas gerações. Os arquétipos não são
necessariamente isolados uns dos outros no inconsciente coletivo. Eles se
interpenetram e fundem-se. Exemplo: o arquétipo do herói e o arquétipo do velho
sábio podem-se fundir para produzir a concepção do “rei filósofo”, uma pessoa
respeitada por ser simultaneamente um líder herói e um visionário sábio.
Persona:
É uma mascara adotada pela pessoa em respostas ás demandas das convenções e das
tradições sociais e às suas próprias necessidades arquetípicas interna. É a
forma como nos apresentamos ao mundo. A persona inclui: nossos papeis sociais,
nosso estilo de expressão pessoal. Tem aspectos negativos e positivos.
A Anima e o
Animus: É reconhecido e aceito que o
ser humano é essencialmente um animal bissexual. A nível psicológico, as
características masculinas e as femininas são encontradas em ambos os sexos
Jung atribui o
lado feminino da personalidade do homem e o lado masculino da personalidade da
mulher a arquétipo que ele chamou de anima o arquétipo feminino do homem e de animus o arquétipo
masculino na mulher.
Tais arquétipos
não só fazem com que cada sexo manifeste características do outro sexo, mas
tam´bem agem como imagens coletivas que motivam cada sexo a responder aos
membros do outro sexo e a compreende-los. O homem apreende a natureza da mulher
por meio de sua anima, e a mulher apreende a natureza do homem através de seu
animus.
A Sombra: É o centro do Inconsciente Pessoal, o núcleo
do material que foi reprimido da consciência. A sombra inclui aquelas
tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo
como incompatíveis com a Persona e contrárias aos padrões e idéias sociais.
Quanto mais forte for nossa Persona, e quanto mais nos identificamos com ela,
mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A sombra representa aquilo que
consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos
e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a Sombra frequentemente aparece
como um animal, um anão, um vagabundo ou qualquer outra figura de categoria
mais baixa.
Em seu trabalho
sobre repressão e neurose, Freud concentrou-se de início, naquilo que Jung
chama de Sombra. Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se
estrutura ao redor da Sombra, que se torna, em certo sentido, um Self negativo,
a Sombra do Ego. A sombra é, via de regra, vivida em sonhos como uma figura
escura, primitiva, hostil ou repelente, porque seus conteúdos foram
violentamente retirados da consciência e aparecem como antagônicos à
perspectiva consciente. Se o material da Sombra for trazido à consciência, ele
perde muito de sua natureza de medo, de desconhecido e de escuridão.
A sombra é mais
perigosa quando não é reconhecida pelo seu portador. Neste caso, o indivíduo
tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a deixar-se dominar
pela Sombra sem o perceber. Quando mais o material da Sombra tornar-se
consciente, menos ele pode dominar. Entretanto, a Sombra é uma parte integral
de nossa natureza e nunca pode ser simplesmente eliminada. Uma pessoa sem
Sombra não é uma pessoa completa, mas uma caricatura bidimensional que rejeita
a mescla do bom e do mal e a ambivalência presente em todos nós. Cada porção
reprimida da Sombra representa uma parte de nos mesmos. Nós nos limitamos na
mesma proporção que mantermos esse material inconsciente.
À medida que a
Sombra se faz mais consciente, recuperamos partes previamente reprimidas de nós
mesmos. Além disso, a Sombra não é apenas uma força negativa na psique. Ela é
um depósito de considerável energia instintiva, espontaneidade e vitalidade, e
é a fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os Arquétipos, a
Sombra se origina no Inconsciente Coletivo e pode permitir acesso
individual a grande parte do valioso material inconsciente que é rejeitado pelo
Ego e pela Persona.
No momento em que
acharmos que a compreendemos, a Sombra aparecerá de outra forma. Lidar com a
Sombra é um processo que dura a vida toda, consiste em olhar para dentro e
refletir honestamente sobre aquilo que vemos lá.
O Self: Em seus primeiros textos, Jung considerava o
self como equivalente à psique ou á personalidade total. Entretanto, quando
começou a explorar As fundações raciais da personalidade, e descobriu os
arquétipos, ele encontrou um que representava o anseio humano de unidade. Esse
arquétipo expressa-se por meio de diversos símbolos, e o principal deles é a mandala ou o círculo mágico. Em seu
livro Psicologia e Alquimia, Jung, desenvolve uma psicologia da totalidade
baseada no símbolo da mandala. O principal conceito dessa psicologia da unidade
é o self.
O self é o ponto
central da personalidade, em torno do qual todos os outros sistemas estão
constelados. Ele mantém esses sistemas unidos e dá à personalidade unidade,
equilíbrio e estabilidade.
“ Se imaginarmos
a mente consciente com o ego como seu centro, como estando oposto ao
inconsciente, e acrescentarmos agora ao nosso quadro mental o processo de
assimilar o inconsciente, podemos pensar nessa assimilação como uma espécie de
aproximação do consciente e do inconsciente, em que o centro da personalidade
total já não coincide com o ego, mas com um ponto médio entre o consciente e o
inconsciente. Esse seria o ponto de um novo equilíbrio, um novo centramento da
personalidade total, um centro virtual que, devido à sua posição focal entre o
consciente e o inconsciente, garante uma fundação nova e mais sólida para a
personalidade.” (Jung, 1945, pág.219)
O self é a meta
da vida, uma meta que as pessoas buscam incessantemente, mas raramente
alcançam. Como todos os arquétipos, ele motiva o comportamento humano e provoca
uma busca de integridade, especialmente pelos caminhos oferecidos pela
religião. Cristo e Buda são expressões de arquétipo de Self.
Atitudes:
Introversão:
Os introvertidos concentram-se prioritariamente em seus próprios pensamentos e
sentimentos, em seu mundo interior, tendendo à introspecção. O perigo para tais
pessoas é imergir de forma demasiada em seu mundo interior, perdendo ou tornando
tênue o contato com o ambiente externo. O cientista distraído, estereotipado, é
um exemplo claro desde tipo de pessoa absorta em suas reflexões em notável
prejuízo do pragmatismo necessário a adaptação.
Extroversão:
Por sua vez, se envolvem com o mundo externo das pessoas e das coisas. Eles
tendem a ser mais sociais e mais consciente do que acontece à sua volta.
Necessitam se proteger para não serem dominados pelas exterioridades e, ao
contrário dos introvertidos, se alienarem de seus próprios processos internos.