20 de set. de 2012

Carl G. Jung e Os Sistemas Isolados


continuação.

Jung e os Sistemas Isolados

 

Ego: É o centro do consciente. É a mente consciente. É constituído por percepções, memórias, pensamentos e sentimentos conscientes. O ego forma uma unidade coesa para transmitir impressão de continuidade e de identidade consigo mesma. Os processos psíquicos (conteúdos psíquicos) que não entretêm relações com o ego constituem o domínio imenso do inconsciente.

Inconsciente Individual: É a região adjacente ao ego. As fronteiras são imprecisas. É constituído por experiências que foram reprimidas, esquecidas, suprimidas ou experiências que foram fracas demais para marcar a consciência do indivíduo. Recordações penosas de serem lembradas e também traços de acontecimentos ocorridos durante o curso da vida e perdidos pela memória consciente. No inconsciente Individual encontramos os complexos.

Os complexos são grupos de representações carregadas de forte potencial afetivo, incompatível com a atitude consciente e envolvem sentimento, pensamento, percepções, memória. É também o nosso lado negativo que tentamos ocultar.

Esses elementos, embora não estejam em conexão com o Ego, nem por isso deixam de ter atuação e de influenciar os processos conscientes, podendo provocar distúrbios, tanto de natureza psíquica quanto de natureza somática. Para Jung a via régia para o inconsciente não é o sonho e sim o complexo. “O processo associativo foi tomado como ponto de partida. Jung demonstrou que as perturbações que ocorriam no teste de associação de palavras eram da natureza interna da psique e provinham de uma esfera situada fora da vontade objetiva do consciente e que esta esfera só se apresentava quando a atenção ia se enfraquecendo.” (p.17 Jacobi)

Cada complexo é constituído de:

·         Um elemento nuclear ou portador de significado;

·         Associações ligadas ao elemento nuclear – o núcleo tem o poder de atração ou faz girar em torno de si várias experiências.

Os complexos podem ser capazes de fazer aberta oposição ás intenções do ego consciente; de romper a sua unidade; de se separar e de comportar como um corpo estranho na esfera do consciente.

Para Jung, tamanha é a força dos complexos que eles nos têm.

Inconsciente Coletivo: É constituído das formas primitivas típicas de vivências e comportamentos da espécie humana, isto é, “pura e simplesmente da possibilidade herdada de um funcionamento psíquico”.

Enquanto o inconsciente pessoal é composto de conteúdos cuja existência decorre de experiências individuais, os conteúdos que constituem o inconsciente coletivo são impessoais, comuns a todos os homens e transmitem-se por hereditariedade.

Os arquétipos: São possibilidades herdadas para representar imagens. São formas instintivas de pensar. Um arquétipo é uma forma universal de pensamento (idéia) que conte um grande elemento de emoção.

Exemplo de arquétipos: nascimento, morte, herói, filho, Deus.

Como se origina um arquétipo? Ele é um depósito mental permanente de uma experiência que foi repetida constantemente por muitas gerações. Os arquétipos não são necessariamente isolados uns dos outros no inconsciente coletivo. Eles se interpenetram e fundem-se. Exemplo: o arquétipo do herói e o arquétipo do velho sábio podem-se fundir para produzir a concepção do “rei filósofo”, uma pessoa respeitada por ser simultaneamente um líder herói e um visionário sábio.

Persona: É uma mascara adotada pela pessoa em respostas ás demandas das convenções e das tradições sociais e às suas próprias necessidades arquetípicas interna. É a forma como nos apresentamos ao mundo. A persona inclui: nossos papeis sociais, nosso estilo de expressão pessoal. Tem aspectos negativos e positivos.

A Anima e o Animus: É reconhecido e aceito que o ser humano é essencialmente um animal bissexual. A nível psicológico, as características masculinas e as femininas são encontradas em ambos os sexos

Jung atribui o lado feminino da personalidade do homem e o lado masculino da personalidade da mulher a arquétipo que ele chamou de anima o arquétipo  feminino do homem e de animus o arquétipo masculino na mulher.

Tais arquétipos não só fazem com que cada sexo manifeste características do outro sexo, mas tam´bem agem como imagens coletivas que motivam cada sexo a responder aos membros do outro sexo e a compreende-los. O homem apreende a natureza da mulher por meio de sua anima, e a mulher apreende a natureza do homem através de seu animus.

A Sombra:  É o centro do Inconsciente Pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a Persona e contrárias aos padrões e idéias sociais. Quanto mais forte for nossa Persona, e quanto mais nos identificamos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a Sombra frequentemente aparece como um animal, um anão, um vagabundo ou qualquer outra figura de categoria mais baixa.

Em seu trabalho sobre repressão e neurose, Freud concentrou-se de início, naquilo que Jung chama de Sombra. Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se estrutura ao redor da Sombra, que se torna, em certo sentido, um Self negativo, a Sombra do Ego. A sombra é, via de regra, vivida em sonhos como uma figura escura, primitiva, hostil ou repelente, porque seus conteúdos foram violentamente retirados da consciência e aparecem como antagônicos à perspectiva consciente. Se o material da Sombra for trazido à consciência, ele perde muito de sua natureza de medo, de desconhecido e de escuridão.

A sombra é mais perigosa quando não é reconhecida pelo seu portador. Neste caso, o indivíduo tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a deixar-se dominar pela Sombra sem o perceber. Quando mais o material da Sombra tornar-se consciente, menos ele pode dominar. Entretanto, a Sombra é uma parte integral de nossa natureza e nunca pode ser simplesmente eliminada. Uma pessoa sem Sombra não é uma pessoa completa, mas uma caricatura bidimensional que rejeita a mescla do bom e do mal e a ambivalência presente em todos nós. Cada porção reprimida da Sombra representa uma parte de nos mesmos. Nós nos limitamos na mesma proporção que mantermos esse material inconsciente.

À medida que a Sombra se faz mais consciente, recuperamos partes previamente reprimidas de nós mesmos. Além disso, a Sombra não é apenas uma força negativa na psique. Ela é um depósito de considerável energia instintiva, espontaneidade e vitalidade, e é a fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os Arquétipos, a Sombra se origina no Inconsciente Coletivo e pode permitir acesso individual a grande parte do valioso material inconsciente que é rejeitado pelo Ego e pela Persona.

No momento em que acharmos que a compreendemos, a Sombra aparecerá de outra forma. Lidar com a Sombra é um processo que dura a vida toda, consiste em olhar para dentro e refletir honestamente sobre aquilo que vemos lá.

O Self:  Em seus primeiros textos, Jung considerava o self como equivalente à psique ou á personalidade total. Entretanto, quando começou a explorar As fundações raciais da personalidade, e descobriu os arquétipos, ele encontrou um que representava o anseio humano de unidade. Esse arquétipo expressa-se por meio de diversos símbolos, e o principal  deles é a mandala ou o círculo mágico. Em seu livro Psicologia e Alquimia, Jung, desenvolve uma psicologia da totalidade baseada no símbolo da mandala. O principal conceito dessa psicologia da unidade é o self.

O self é o ponto central da personalidade, em torno do qual todos os outros sistemas estão constelados. Ele mantém esses sistemas unidos e dá à personalidade unidade, equilíbrio e estabilidade.

“ Se imaginarmos a mente consciente com o ego como seu centro, como estando oposto ao inconsciente, e acrescentarmos agora ao nosso quadro mental o processo de assimilar o inconsciente, podemos pensar nessa assimilação como uma espécie de aproximação do consciente e do inconsciente, em que o centro da personalidade total já não coincide com o ego, mas com um ponto médio entre o consciente e o inconsciente. Esse seria o ponto de um novo equilíbrio, um novo centramento da personalidade total, um centro virtual que, devido à sua posição focal entre o consciente e o inconsciente, garante uma fundação nova e mais sólida para a personalidade.” (Jung, 1945, pág.219)

O self é a meta da vida, uma meta que as pessoas buscam incessantemente, mas raramente alcançam. Como todos os arquétipos, ele motiva o comportamento humano e provoca uma busca de integridade, especialmente pelos caminhos oferecidos pela religião. Cristo e Buda são expressões de arquétipo de Self.

 

 

Atitudes:

Introversão: Os introvertidos concentram-se prioritariamente em seus próprios pensamentos e sentimentos, em seu mundo interior, tendendo à introspecção. O perigo para tais pessoas é imergir de forma demasiada em seu mundo interior, perdendo ou tornando tênue o contato com o ambiente externo. O cientista distraído, estereotipado, é um exemplo claro desde tipo de pessoa absorta em suas reflexões em notável prejuízo do pragmatismo necessário a adaptação.

Extroversão: Por sua vez, se envolvem com o mundo externo das pessoas e das coisas. Eles tendem a ser mais sociais e mais consciente do que acontece à sua volta. Necessitam se proteger para não serem dominados pelas exterioridades e, ao contrário dos introvertidos, se alienarem de seus próprios processos internos.

 

 

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