Um mini resumo bibliográfico
Carl Jung cresceu numa pequena aldeia
no norte da Suíça. Segundo seu próprio relato, ele teve uma infância solitária,
isolada e infeliz. Seu pai era um clérigo que aparentemente perdera a fé e
muitas vezes se apresentava de mau humor. Sua mãe sofria de distúrbios
emocionais; tinha um comportamento errático, passando num instante, de esposa
feliz a um demônio enfeitiçado e murmurava coisas incoerentes. O casamento era
infeliz. Jung aprendeu em tenra idade a não confiar nem acreditar em nenhum dos
genitores e, por extensão, a não ter confiança no mundo exterior como um todo.
Como resultado disso, ele se voltou para dentro, para o mundo dos seus sonhos,
visões e fantasias, o mundo do seu inconsciente. Os sonhos e o inconsciente – e
não o mundo consciente da razão – tornaram-se seus guias na infância e
permaneceram como tais por toda a sua vida adulta.
Segundo o livro de
Schultz, Jung resolvia problemas e tomava decisões com base no que o seu
inconsciente lhe dizia em sonhos, e foi assim que em sonho se viu desenterrando
ossos de animais pré-históricos e interpretou isso como significando que
deveria estudar a natureza e a ciência. Esse sonho sobre cavar sob a superfície
da terra, além de um outro de que ele se lembrava desde tenra idade,
determinaram a direção que o seu futuro estudo da personalidade humana
seguiria: ele iria se ocupar das forças inconscientes que estão sob a
superfície da mente.
Jung freqüentou a Universidade da Basiléia,
na Suíça, e formou-se medico em 1900. Interessado em psiquiatria, seu primeiro
compromisso profissional foi um hospital de saúde mental em Zurique. O diretor
era Eugen Bleuler, psiquiatra conhecido pelo seu trabalho no campo da
esquizofrenia. Em 1905, Jung foi nomeado professor de psiquiatria na
Universidade de Zurique, mas alguns anos depois demitiu-se para dedicar-se a
pesquisar, escrever e manter uma clínica particular.
Jung se interessou pela obra de Freud em 1900, depois de ler
a Interpretação dos Sonhos, que descreveu como uma obra prima. Em 1906, os dois
tinham começado a se corresponder e, um ano depois, Jung foi para Viena
encontrar Freud, Em seu encontro inicial eles falaram com grande animação
durante treze horas. Em 1909, Jung acompanhou Freud aos Estados Unidos, indo às
cerimônias da Universidade Clark, em que os dois fizeram palestras.
Ao contrário da maioria dos discípulos de Freud, Jung já
estabelecera uma impressionante reputação profissional própria antes de se
associar com o mestre. Ele era o mais bem conhecido dos primeiros conversos à
psicanálise, e talvez, por isso, o menos maleável, menos sugestionável, do que
os outros analistas mais jovens que passaram a pertencer á família
psicanalítica muitos dos quais ainda não tinham terminado sua graduação.
Embora fosse discípulo de Freud, Jung nunca foi acrítico,
embora de inicio ele tentou suprimir suas dúvidas e objeções. Quando escrevia a
psicologia do Inconsciente, em 1912, Jung ficou perturbado percebendo que,
quando essa declaração de sua posição fosse publicada, seu relacionamento com
Freud seria prejudicado, pois as suas idéias diferiam em pontos importantes das
do mestre e o inevitável ocorreu quando
da publicação do livro.
Por insistência de Freud, Jung tornou-se o primeiro
presidente da A P I o que provocou ressentimento nos analistas
vienenses.(1911).
Tempos depois a amizade entre os dois começou a dar sinais
de tensão. Com a publicação da Psicologia do Inconsciente e em palestras na
Universidade Fordham em Nova York, Jung reduzira o papel do sexo em sua teoria
e propusera uma concepção distinta de libido. Essas diferenças causaram atritos
entre ambos e os dois concordaram em encerrar também sua correspondência
pessoal. Eles romperam relações em 1914, quando Jung renunciou ao cargo da A P
I.
Em 1913, aos trinta e oito anos, Jung padece de um período
de intenso abalo emocional que durou três anos, acreditando que estava
enlouquecendo, Jung ficou sem poder realizar trabalhos intelectuais, mas, não
parou de tratar pacientes. Resolvendo seus problemas, da mesma maneira como
Freud havia resolvido, enfrentando sua mente inconsciente. Essa crise emocional
tornou-se mais tarde uma época de grande criatividade, levando à formulação de
sua abordagem da personalidade. A Psicologia Analítica.
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